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12/08/2016 18:00

CASAG vai revitalizar antiga sede na Avenida Goiás

Obra começa imediatamente e conservará todos os aspectos do prédio em Art Déco

Goiânia guarda um rico patrimônio histórico material formado por joias arquitetônicas Art Déco. É certo que elas passam despercebidas a olhares desatentos, na maioria das vezes, mas estão lá. Conservam remanescente de um movimento artístico internacional, iniciado na Europa nos idos de 1910, mas que teve seu auge nas décadas seguintes. Goiânia estava sendo idealizada nesse período com ares de capital moderna, do futuro, endossando o uso da Art Déco. Na Avenida Goiás com a Rua 1, no Centro de Goiânia, um desses bens históricos está prestes a reviver seus tempos de glória.

O imóvel, pertence à Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (CASAG) e passará por completa reforma e revitalização. A iniciativa da Caixa de Assistência vai conservar todos os aspectos da arquitetura histórica, cores tradicionais, desenhos e traçados que identificam esse estilo que se espalhou por todo o mundo. O pontapé inicial para a obra foi dado nesta quinta-feira (11) durante coquetel para a imprensa e advocacia goianas. Durante a cerimônia, foi apresentado o projeto de reforma do edifício, bem como de construção de nova estrutura de escritórios compartilhados para advogados e espaço para apresentações artísticas e culturais. O local, que já foi sede da Ordem e da Casag, ficou desocupado durante anos.

Para o presidente da CASAG, Rodolfo Otávio Mota, a revitalização serve de estímulo e incentivo para que outras entidades e empresas também busquem retomar a caracterização original do Centro de Goiânia. “Esperamos trazer a tipografia da época, restaurar as cores originais da época e revitalizar o prédio sem descaracterizar as propriedades primitivas. Se for preciso e possível, queremos discutir com o executivo municipal para que a gente traga de volta a história de Goiânia e de Goiás com a revitalização do Centro”, explica Rodolfo. O espaço tem entrega prevista para daqui oito meses e vai unir o virtuosismo histórico do passado às novidades e inovações tecnológicas necessárias que a função requer atualmente. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Lúcio Flávio Siqueira de Paiva, observa que com a revitalização e reforma do prédio da Rua 1, a atual administração da OAB, primeiro entrega para advocacia mais um local de prestação de serviço. Ele observa que o prédio se transformará em um centro de inclusão digital, de grande utilidade neste momento em que o processo judicial está migrando para autos eletrônicos e digitais. Além disso, será um local de memórias das administrações anteriores da Ordem, da CASAG e também um local de encontro de cultura, leitura e confraternização dos Advogados no último pavimento.

“Acho que é uma das obras mais relevantes que nós teremos ao longo da administração”, observa Lúcio Flávio. “Além disso, que por si só já é muito importante, a gestão também resgata a história da Ordem e uma parte da história do Centro de Goiânia. Costumo dizer que quem não conhece o seu passado não consegue planejar adequadamente seu futuro”, completa o presidente da OAB.

“O Iphan-GO recebe com muita satisfação a intenção de restaurar a antiga Sede da CASAG na Av. Goiás”, diz a arquiteta e urbanista e coordenadora técnica substituta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Goiás (Iphan-GO), Dafne Marques de Mendonça.

“Edifício representativo na via e em sua paisagem atual e histórica”

A arquiteta e urbanista e coordenadora técnica substituta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Goiás (Iphan-GO), Dafne Marques de Mendonça, pontua que o prédio da CASAG é um edifício representativo na via e em sua paisagem atual e histórica. “A intenção de reabilitar e restaurar edificações de interesse histórico em Goiânia é altamente positiva, pois dão a cidade uma identidade, tirando ela de uma configuração genérica. Além disso, percebe-se uma grande pressão para a criação de lotes vagos para estacionamento, especialmente no centro, priorizando o veículo, o que pouco a pouco dá a cidade um caráter amórfico, formada por quadras com grandes áreas vagas e que estabelecem pouca relação com os moradores”, diz.

A coordenadora do Iphan lembra que a antiga sede da CASAG é um edifício de arquitetura de filiação moderna, devido à composição sem adornos e pretensas janelas corridas com brises, ou quebra-sóis, marcando os vãos, elementos representativos do repertório modernista. Ao mesmo tempo em que almeja uma linguagem moderna, continua a especialista, o edifício apresenta aspectos tradicionais, como uma implantação sem recuos (frontal e lateral) no lote e cobertura inicial em telha cerâmica, encoberta por platibandas.

Segundo Dafne esta condição entre o tradicional e o moderno, representa o momento de formação da nova capital e caracteriza grande parte de sua paisagem urbana. A composição do edifício marcando a esquina com um chanfro, que também está na forma do lote, é encontrada em outras esquinas da Avenida Goiás, sendo um elemento representativo de composição da via como um todo e de outras, como a Av. Anhanguera.

Área envoltória

Em Goiânia, são tombados 22 bens, o traçado urbano do núcleo pioneiro de Campinas e parte inicial da cidade (setor central), incluindo, Coreto, Relógio da Goiás, Estação Ferroviária, Teatro Goiânia, Museu Zoroastro Artiaga, Palácio das Esmeraldas, Grande Hotel, Mureta do Lago das Rosas, entre outros. Para cada bem tombado, é definido uma área envoltória (ou entorno), explica Dafne.

Para estes bens em área envoltória, as restrições se referem à questão de volumetria, cor, disposição do vão, materiais empregados, ou seja, aspectos que não impactem na “ambiência” do bem tombado. O edifício da Casag na Av. Goiás é vizinho imediato a um dos bens tombados pelo Iphan, localizado em frente à Praça Cívica, sendo ele, a Antiga Delegacia Fiscal, portanto constituindo-se em área envoltória de bem tombado.

O tombamento é o instrumento jurídico, instituído pelo Decreto-Lei número 25/1937, que pode ser aplicado nas esferas Municipal, Estadual e Federal aos bens de natureza material, ou seja, edifícios, núcleos urbanos, conjuntos, espaços públicos, equipamentos urbanos etc. O Iphan é o órgão federal responsável pela proteção dos bens tombados pela União. Na esfera federal são considerados os bens que apresentam representatividade para a formação do território brasileiro.